Representantes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), da empresa de óleo e gás Exxon Brasil e pesquisadores do Centro de Estudos de Petróleo (Cepetro) se reuniram nesta terça-feira (25) na Unicamp para discutir a transição energética e novas energias.
Organizado pelo diretor do Cepetro, Marcelo Souza de Castro, o encontro foi aberto pelo reitor Antonio José de Almeida Meirelles. De acordo com o reitor, as áreas médica e de transição energética estão no foco do futuro da Universidade.
Segundo Meirelles, elas reúnem aspectos capazes de acelerar o processo de inovação e de transformar conhecimento em produtos e serviços para a sociedade. “A Unicamp tem expertise acumulada na questão energética e na área da saúde, e podemos transformar isso em algo que tenha impactos significativos na economia da região, do estado e do país. Esta é uma ambição da Universidade”, afirmou o reitor.
“Temos a crença forte de que isso aproxima interesses de uma instituição pública como a nossa — que tem compromisso com os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável da ONU (Organização das Nações Unidas) — e de empresas alinhadas com a ideia da governança ambiental, social e corporativa, os chamados ESG [Environmental, Social and Governance]”, avalia. “Essas duas agendas são perfeitamente compatíveis e temos que explorar isso. Minha sensação é de que temos a oportunidade de fazer isso e não deveríamos perdê-la”, advertiu.
Para o reitor, a Universidade e a região de Campinas contam com potencial empresarial, científico, tecnológico e de formação de recursos humanos, com um horizonte promissor.
Meirelles disse que o motor de ação futura da Unicamp é projeto do HIDS (Hub Internacional de Desenvolvimento Sustentável) — um programa em desenvolvimento que deverá envolver equipamentos públicos, organizações sociais, centros de tecnologia e organismos de inovação e pesquisa do setor privado. “Nosso grande objetivo é transformar essa região num distrito inteligente associado à inovação”, resumiu.
Segundo o reitor, a ideia de criação do HIDS partiu da Unicamp, mas hoje já envolve 14 instituições, além de uma ação da Prefeitura de Campinas, que está organizando a ocupação da região, e um interesse crescente dos governos estadual e federal.
Catalisador
O superintendente da ANP, Raphael Moura, lembrou que o órgão tem como finalidade ser um catalisador, possibilitando que academia e indústria trabalhem juntas em favor do desenvolvimento. “Queremos incentivar as empresas e a Universidade a trabalharem juntas, criando uma sinergia entre os centros de pesquisa, no sentido de alcançar os objetivos tecnológicos do país”, diz o superintendente.
“Sem dúvida, vejo a Unicamp numa posição de muito privilégio, pela qualidade dos projetos que já temos em conjunto, e que são supervisionados pela ANP, e pela qualidade da produção científica e de seus pesquisadores”, afirmou. “Esse é o início de uma parceria que certamente renderá muitos frutos”, aposta Moura.
A superintendente adjunta da ANP, Mariana França, o assessor da superintendência, José Carlos Tigre, e o assessor da Diretoria da agência, Gustavo Pacheco Gondim, também participaram do encontro.
O diretor geral e gerente comercial da Exxon Brasil, Márcio Bastos, garante que a empresa tem interesse em participar de projetos de pesquisa e de desenvolvimento de novas tecnologias.
“A Exxon está engajada e totalmente alinhada com esse desejo de participar da comunidade de fomento à pesquisa e desenvolvimento”, disse ele.
O dirigente revelou que a relação com a Unicamp começou há dois anos, com um projeto piloto. “A Unicamp foi o primeiro contrato nosso de pesquisa e desenvolvimento no Brasil. É um projeto pequeno, mas é uma partida, quatro anos antes da obrigação regulatória, o que mostra o interesse em começar cedo e participar disso, com bastante energia”, finalizou.
Pela empresa, também participaram do encontro o gerente de área de P&D, Douglas Tamashiro e o líder de Desenvolvimento de Novos Negócios, Luiz Gustavo Silva.
Inovação e Empreendedorismo
A diretora executiva Ana Fratini apresentou aos representantes da Agência e da empresa o funcionamento da Inova, a agência de inovação da Unicamp. Criada em 2003, a Inova tem como missão identificar oportunidades e promover atividades que estimulem a inovação e o empreendedorismo.
Cepetro
Criado em 1987, o Cepetro surgiu de uma parceria entre a Unicamp e a Petrobras. Desta parceria, nasceu o Departamento de Engenharia de Petróleo (DEP), na Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM). Em 1990, foi criado o Programa de Mestrado em Geoengenharia de Reservatórios de Petróleo no Instituto de Geociências. Três anos depois, foi implantado o programa de Doutorado em Engenharia de Petróleo.
Atualmente, o Cepetro apoia cursos e projetos na área de Ciências e Engenharia de Petróleo, contemplando as áreas de Exploração Petrolífera e Geoengenharia de Reservatórios Petrolíferos, atendendo às atividades de Geologia, Engenharia de Reservatórios, Perfuração e Contemplação de Poços, Produção Petrolífera e Gestão de Recursos Petrolíferos e Processamento Sísmico.