O projeto de extensão “Construindo um distrito de inovação sustentável” foi aprovado no Edital FEFCFAU de Apoio a Integração entre Graduação e Extensão/023. A proposta foi elaborada pela coordenadora do Centro de Estudos sobre Urbanização para o Conhecimento e a Inovação (CEUCI), professora Gabriela Celani, e pela pesquisadora de pós-doc do Centro, Marcela Noronha.
Em sua segunda edição, o objetivo do edital é fomentar iniciativas de atividades que integrem os dois cursos de graduação da Faculdade de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo e atividades de extensão por meio de apoio financeiro de até R$ 10 mil. Os projetos contemplados têm prazo de execução de um ano a partir de agosto de 2023. Entre os critérios para seleção dos projetos estavam a interdisciplinaridade e Inter profissionalidade, a indissociabilidade de Ensino – Pesquisa – Extensão; o impacto na formação dos estudantes e a potencial de gerar transformação sociais.
A proposta apresentada pelo CEUCI é parte das atividades de extensão do Centro que tem entre seus procedimentos metodológicos a observação participante, o processo participativo com as comunidades envolvidas e oficinas de discussão de conceitos com grupos focais relacionados à implantação do HIDS.
No primeiro semestre de 2023, membros da equipe do CEUCI atuaram como moderadores e observadores nas oficinas participativas oferecidas pela Prefeitura Municipal de Campinas (PMC) com a comunidade residente no entorno do HIDS. Estas oficinas tinham como intuito a discussão da minuta do projeto de lei de uso e ocupação do solo para o Polo de Inovação para o Desenvolvimento Sustentável. O perímetro urbano discutido no projeto de lei engloba a área do HIDS, mas não se limita a ela.
A partir desta atuação nas oficinas participativas da PMC, os membros do CEUCI apontaram para a necessidade de formação anterior da população para a compreensão da legislação urbanística e para a efetividade da participação pública na construção da legislação urbanística. Ao longo dos encontros com a Prefeitura, notou-se uma grande dificuldade, por parte da população, de diferentes níveis de formação, de apreender conceitos da legislação urbana como: parcelamento do solo (doação de áreas para equipamentos públicos e comunitários, espaços livres de uso público, diretrizes viárias, áreas de proteção ambiental); tipologias de uso do solo (residencial, comercial e de serviços, institucional, industrial, uso misto) e parâmetros urbanísticos (como por exemplo, coeficiente de aproveitamento, taxa de ocupação, permeabilidade do solo, gabarito máximo, recuos, fruição pública, fachada ativa etc.).
Segundo a arquiteta e pesquisadora do CEUCI, Marcela Noronha, que participou como observadora das oficinas participativas da Prefeitura de Campinas, a discussão sobre a relação entre densidade populacional e transporte público e de temas como diversidade de usos do solo e mobilidade ativa ainda encontra muita resistência entre a população por desconhecimento sobre esses conceitos.
Buscando ampliar esse conhecimento na comunidade, as pesquisadoras do CEUCI vão oferecer oficinas para adolescentes de 13 a 18 anos, alunos de escolas públicas localizadas no entorno do HIDS. O objetivo é que eles tenham um primeiro contato com os conceitos de sustentabilidade urbana e de legislação urbanística a partir de uma atividade lúdica em que desenvolvem o projeto de uma quadra urbana sustentável, podendo decidir como as edificações serão distribuídas no território e que tipos de usos podem ocorrer na quadra.
Serão convidadas a participar das atividades escolas públicas municipais e estaduais de ensino fundamental II e ensino médio de bairros como o Jardim Miriam, Guará e de Barão Geraldo. Para Noronha, a atividade extensionista deve possibilitar que os jovens estudantes tenham um primeiro contato com conceitos de legislação urbanística e compreendam sua relação com a sustentabilidade. “A ideia é que eles possam aprender de forma lúdica como se dá o processo de produção da cidade”, disse.
Para isso, o CEUCI vai ampliar o formato utilizado em atividade oferecida em junho deste ano para 60 meninas do programa Meninas Supercientistas. Cada equipe criou um quarteirão com edifícios de uso residencial, comercial, institucional e de atividade econômica, com Ca=1 e deixando 30% de área permeável no terreno. Depois, as quadras foram inseridas em uma malha viária. Finalmente, as participantes calcularam as áreas destinadas a cada uso e as distâncias até os diferentes serviços urbanos.
A expectativa das pesquisadoras do CEUCI é oferecer três oficinas com uma média de 30 alunos e quatro professores em cada escola sede, totalizando 90 alunos e 12 docentes. Para elaboração do material e atuação como monitores nos dias da oficina, 25 alunos de graduação dos cursos de Engenharia Civil, Arquitetura e Urbanismo serão envolvidos, além da equipe do CEUCI.
O CEUCI dá continuidade às atividades iniciadas em 2020 a partir da criação de um programa de pós-graduação lato sensu na FECFAU destinado a estudar a implementação do HIDS. A proposta do Centro é aprofundar o conhecimento sobre o processo de urbanização de ambientes de inovação, por meio da literatura, de estudos de caso sob uma ótica interdisciplinar e de um intenso diálogo com as comunidades e partes interessadas, visando subsidiar as políticas públicas para o sucesso deste Hub. O principal resultado esperado das pesquisas desenvolvidas é a produção de quadros conceituais para dar suporte à criação de novas áreas urbanas do conhecimento, contribuindo para o desenvolvimento econômico, social, ambiental e urbano com o intuito de que, posteriormente, o processo metodológico desenvolvido seja aplicado experimentalmente a outras cidades do estado de São Paulo.
Por Patricia Mariuzzo